segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Falha-me o dedo mindinho num dó em semi-fusa


E um pequeno milagre deu-se! As garrafas de macieira duravam dois dias e passámos a comer fruta com regularidade! Metodicamente também, a rapariga da biciclete vermelha começou a ensaiar, teclando desenfreadamente o bendito e encomendado concerto. Aquilo era como um incessante loop musical dia e noite, enchendo o apartamento com notas musicais e, embora fosse preciso enchê-la com notas das outras, eu vogava na melodia tocada, olhando para o tecto em suspensos suspiros.

Para mim era o perfeito e sonhado amor preenchido de sonetos e sonatas: ela tinha a música na ponta dos dedos e tinha-me na palma da mão. Mas como eu também não percebia nada sobre composição musical, aceitava talvez demasiado levianamente que ela explodisse num misto de horror e pânico: “falha-me o dedo, falha-me o dedo mindinho num dó em semi-fusa numa passagem mais traiçoeira. Falha-me o dedo mindinho”...

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